Sueli Carneiro

Aparecida Sueli Carneiro Jacoel (São Paulo24 de junho de 1950) é uma filósofaescritora e ativista antirracismo do movimento social negro brasileiro.[1][2] Sueli Carneiro é fundadora e atual diretora do Geledés — Instituto da Mulher Negra e considerada uma das principais autoras do feminismo negro no Brasil.[3][4] Possui doutorado em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP).

Biografia

Em 1983, o governo de São Paulo criou o Conselho Estadual da Condição Feminina, porém sem nenhuma mulher negra dentre as trinta e duas conselheiras. Sueli Carneiro foi uma das lideranças do movimento de mulheres negras que se engajou na campanha da radialista Marta Arruda pela abertura de uma vaga no conselho a uma mulher negra; campanha que logrou êxito.

Em 1988, fundou o Geledés — Instituto da Mulher Negra, primeira organização negra e feminista independente de São Paulo. Meses depois, foi convidada para integrar o Conselho Nacional da Condição Feminina, em Brasília.[5

Criou o único programa brasileiro de orientação na área de saúde específico para mulheres negras. Semanalmente mais de trinta mulheres são atendidas por psicólogos e assistentes sociais e participam de palestras sobre sexualidade, contracepção, saúde física e mental na sede do Geledés[6].

Em 1992, ela recebeu a visita de um grupo de cantores de rap da periferia da cidade, que queriam proteção porque eram vítimas frequentes de agressão policial. Sueli decidiu criar então o Projeto Rappers, onde os jovens são agentes de denúncia e também multiplicadores da consciência de cidadania dos demais jovens.[7]

A construção do Outro como Não-Ser com fundamento do Ser

A fundação do Outro como Não-Ser como fundamento do Ser é o título da tese de doutorado em Filosofia da Educação na FFLCH – USP de Sueli Carneiro publicada em 2005. Nela, Carneiro usa os conceitos de Dispositivo e Biopoder de Michel Foucault para analisar as relações raciais no Brasil.

A partir disso, Carneiro constrói a noção de dispositivo racialidade/biopoder que busca dar conta de dois processos:

  • produção social e cultural da eleição e da subordinação raciais
  • produção de vitalismo e morte informados pela filiação racial

Da articulação do dispositivo de racialidade ao biopoder emerge um mecanismo da natureza de ambas tecnologias: o epistemicídio. A partir desse conceito de Boaventura de Sousa Santos, Carneiro discute o lugar que a educação ocupa na reprodução/manutenção de saberes, poderes, subjetividades e todos os “cídios” que o dispositivo racialidade/biopoder produz no Brasil.

Frases

Somos seres humanos como os demais, com diversas visões políticas e ideológicas. Eu, por exemplo, entre esquerda e direita, continuo sendo preta.

Sueli Carneiro

Nós, mulheres negras, somos a vanguarda do movimento feminista nesse país; nós, povo negro, somos a vanguarda das lutas sociais deste país porque somos os que sempre ficaram para trás, aquelas e aqueles para os quais nunca houve um projeto real e efetivo de integração social.

O pessoal da orientação sexual não vai retroceder em suas lutas, as mulheres não vão recuar nas suas agendas; nós não vamos voltar para a senzala. E isso está colocado. Vai ter luta!

O racismo é um sistema de dominação, exploração e exclusão que exige a resistência sistemática dos grupos por ele oprimidos, e a organização política é essencial para esse enfrentamento.

Prêmios

Obras

  • Escritos de uma vida (Editora Letramento, 2018) ISBN 978-85-9530-107-8
  • Racismo, Sexismo e Desigualdade no Brasil (Selo Negro, 2011) ISBN 978-85-8747-874-0
  • Mulher negra: Política governamental e a mulher (1985), com Thereza Santos e Albertina de Oliveira Costa
  • A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Tese (Doutorado em educação, 2005). Universidade de São Paulo, São Paulo.

Referências

  1.  «Retratos do Brasil Negro – Palmares». www.palmares.gov.br. Consultado em 9 de março de 2017
    1. ↑ Ir para:a b «Doutora em Filosofia pela USP defende cotas para negros e lembra julgamento em que STF discutiu conceito de raça»Supremo Tribunal Federal. 5 de março de 2010. Consultado em 9 de março de 2017
    1.  «Dia das Mulheres Negras, Julho das Pretas: o tributo a Sueli Carneiro | CLAUDIA». CLAUDIA. 25 de julho de 2016
    1.  «O feminismo negro no Brasil | Cacheia!». Cacheia!. 10 de novembro de 2015
    1.  «Mulher 500 Anos – Por trás dos panos». www.mulher500.org.br. Consultado em 9 de março de 2017. Arquivado do original em 25 de agosto de 2011
    1.  Palmares (14 de março de 2013). «Sueli Carneiro». Insituto Geledés. Consultado em 19 de maio de 2018
    1.  «Sueli Carneiro – Palmares». www.palmares.gov.br. Consultado em 9 de março de 2017
    1.  CARNEIRO, Aparecida Sueli; FISCHMANN, Roseli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005.Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
    1.  «LASA2021 / Crisis global, desigualdades y centralidad de la vida». Latin American Studies Association (em inglês). Consultado em 9 de fevereiro de 2021
    1.  «Sobre esta Edição». Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Consultado em 16 de novembro de 2020
    1.  «Sueli Carneiro – Prêmio Itaú Cultural 30 Anos (2017)». Itaú Cultural. Consultado em 5 de julho de 2019
    1.  «Sueli Carneiro e Raquel Trindade recebem prêmio ‘Benedito Galvão’ da OAB-SP». Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
    1.  Lopes, Nei (2006). Dicionário escolar afro-brasileiro (em portugués). [S.l.]: Selo Negro. 174 páginas. ISBN 978-858-747-829-0
    1.  «Lúcia Vânia destaca importância de Sueli Carneiro». Senado Federal. 27 de março de 2003. Consultado em 10 de março de 2017. Cópia arquivada em 10 de março de 2017
    1.  «Direitos Humanos» (em poortuguês). Folha de S.Paulo. 18 de dezembro de 1999. Consultado em 10 de março de 2017. Cópia arquivada em 10 de março de 2017
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Sobre bbraga

Atuo como professor de química, em colégios e cursinhos pré-vestibulares. Ministro aulas de Processos Químicos Industrial, Química Ambiental, Corrosão, Química Geral, Matemática e Física. Escolaridade; Pós Graduação, FUNESP. Licenciatura Plena em Química, UMC. Técnico em Química, Liceu Brás Cubas. Cursos Extracurriculares; Curso Rotativo de química, SENAI. Operador de Processo Químico, SENAI. Curso de Proteção Radiológica, SENAI. Busco ministrar aulas dinâmicas e interativas com a utilização de Experimentos, Tecnologias de informação e Comunicação estreitando cada vez mais a relação do aluno com o cotidiano.

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