Condição do trabalhador negro na sociedade

Condição do trabalhador negro na sociedade

Por Caê Batista

Uma mulher negra tem remuneração inferior a de um homem negro, cujos vencimentos são inferiores aos das mulheres brancas; acima de todos está o homem branco. Registrada nos índices oficiais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), tal estrutura é uma das expressões do racismo no Brasil.Há outras: A maior parte das vítimas do tráfico internacional de mulheres é negra. Por ano, no Brasil, cinco mil mulheres são mortas por violência doméstica, 60% delas são negras. A maior parte da população carcerária está na faixa de 18 a 34 anos, 75% são jovens negros. 80% das mulheres que morrem ao dar a luz são negras.Esses dados foram apresentados por Luh Souza, no seminário Negros e Negras: há alguma inclusão? Saber para resistir, realizado pelo Sintrajud no sábado, 23, na sede da entidade.

Acompanhada de outros dois palestrantes, Luh fez mais do que uma análise sociológica a partir dos números do racismo. A palestrante sugeriu uma reflexão acerca dos sofrimentos íntimos de uma pessoa negra.

Os números serviram para quantificar as violências cometidas contra a população negra. As estatísticas indicam alto índice de morte entre jovens negros. A partir delas, Luh abordou o sofrimento das mães desses jovens: É essa a mulher que chorar a morte do filho pelas mãos da PM. Em que momento da vida a mulher negra consegue ser feliz?, questionou.

Não temos complexo de inferioridade, mas é que alguma coisa precisa ser feita, afirmou. A palestrante ainda destacou que a omissão é uma forma de racismo: Como alguém pode se dizer não racista se é omissa [diante dessas situações]?, questionou.

Negritude e pobreza

Ao abordar a questão de negritude e pobreza, Renato Aparecido Gomes explicou que o preconceito é uma estrutura que se exerce independente dos aspectos morais do sujeito, que faz parte do cotidiano, que é absorvida sem se perceber. [Ela] condiciona o nosso pensamento.

Mestre em direito e vice-presidente do Instituto Luis Gama, o palestrante disse que embora exista alguma inclusão para a população negra, os passos são muito tímidos. Em sua opinião, as cotas são ações afirmativas que ajudam a estabelecer um contra poder.

O empoderamento permite sentar em pé de igualdade com os detentores do poder, disse. E nisto reside a importância das cotas, pois elas abalam a estrutura de poder, que podem gerar uma melhoria. Ele afirmou que é preciso haver um empoderamento da população negra, para que o negro, em posição de igualdade, tenha uma posição ativa ao exigir o seu reconhecimento.

Racismo e capitalismo

Segundo explicou Sandra Fortes, outra palestrante, o racismo é a opressão de uma etnia sobre outra. Trata-se, portanto, de um conceito político, fundamental para o funcionamento do capitalismo; assim como a homofobia, o machismo e a xenofobia. É esse conceito que faz uma mulher negra ter a menor remuneração em nossa sociedade. Quando olhamos para quem limpa [os nossos locais de trabalho] vemos as mulheres negras, disse.

Membro do Ilaese (Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos), Sandra exemplificou que durante anos a Levis multinacional fabricante de roupas apresentou prejuízos. Até a ocupação militar da ONU no Haiti, liderada pelo Brasil. Iniciada em 2004, a ocupação permitiu à empresa fechar 10 mil postos de trabalho dos EUA – onde pagava 16 dólares por dia aos trabalhadores para pagar 1 dólar por dia no Haiti. O resultado: a Levis voltou a ter lucro.

Sandra afirmou que a mesma política de repressão é aplicada no Brasil. A título de reprimir o tráfico, foram reprimir a população das favelas, como revelou o caso do Amarildo [pedreiro supostamente sequestrado e morto pela PM carioca numa operação na favela da Rocinha].

Para a palestrante, a luta por direitos da população negra é a uma luta contra o capitalismo. E que, portanto, é preciso organizar esse setor da classe trabalhadora para lutarmos contra esse sistema.

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bbraga

Sobre bbraga

Atuo como professor de química, em colégios e cursinhos pré-vestibulares. Ministro aulas de Processos Químicos Industrial, Química Ambiental, Corrosão, Química Geral, Matemática e Física. Escolaridade; Pós Graduação, FUNESP. Licenciatura Plena em Química, UMC. Técnico em Química, Liceu Brás Cubas. Cursos Extracurriculares; Curso Rotativo de química, SENAI. Operador de Processo Químico, SENAI. Curso de Proteção Radiológica, SENAI. Busco ministrar aulas dinâmicas e interativas com a utilização de Experimentos, Tecnologias de informação e Comunicação estreitando cada vez mais a relação do aluno com o cotidiano.

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