Química do Chiclete. Libras Com (s) Ciência
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Srh1kXAjHhM
O chiclete é um dos doces mais amados pela criançada e por muitos adultos. Qual a Química por trás de tamanha doçura e elasticidade?
História
O chiclete, ou goma de mascar, teve diversas origens ao longo da História, geralmente associadas ao hábito de mascar resinas (ou gomas) de árvores. Na Grécia Antiga, a goma da árvore mastiche era utilizada para higienização bucal e para melhorar o mau hálito. Os povos pré-colombianos da Guatemala extraíam da Sapota zapotilla (sapotizeiro, que fornece a fruta sapoti, árvore endêmica na América Latina)1 uma resina chamada chicle e a mascavam pelo seu alegado sabor agradável .
Chiclete Natural Ainda pode ser possível fazer seu chiclete natural. Basta conseguir o látex do sapotizeiro, que é uma árvore um tanto difícil de encontrar. Em uma panela em fogo baixo adicione o látex junto com adoçantes, açúcar mascavo e ervas para realçar o sabor. Misture bem e deixe esfriar. Agora você pode consumir seu próprio chiclete verde! Muito além de um doce, o chiclete pode realmente melhorar seu dia!
Ao longo do tempo, corantes e sabores foram incorporados à matriz de látex vegetal do sapotizeiro. Tornou-se progressivamente popular devido às duas Grandes Guerras, principalmente por influência de soldados estadunidenses que usavam os chicletes como relaxantes e para manter os maxilares saudáveis.
A partir da II Guerra Mundial o chiclete começou a ser produzido majoritariamente a partir de derivados de petróleo como polibutadienos. Atualmente, o mercado de chicletes em países desenvolvidos tem encolhido, enquanto que em países em desenvolvimento como Brasil e China ainda há crescimento do consumo, com produtos de maior valor agregado sendo mais valorizados.
Composição
Cada tipo de chiclete tem necessidades de formulação diferentes, mas em geral seguem uma receita parecida:
– Base – ainda pode ser constituída pelo chicle, mas em geral são utilizados compostos petroquímicos. Os principais compostos aprovados para uso em chicletes são a borracha de butadieno estireno (SBR), borracha butílica (copolímero de isobutileno e isopreno – IIR), cera de parafina e/ou cera de petróleo.
– Agente plastificante – geralmente é usado o poliacetato de vinila (PVA) que confere grande elasticidade. Trata-se do mesmo polímero usado em colas escolares, mas provavelmente com massa molar mais alta. Em conjunto com a base e alguns compostos coadjuvantes forma a base composta.
– Edulcorantes – podem ser utilizados de vários tipos, desde açúcares comuns a adoçantes sintéticos. O xarope de glicose, apesar de ser um edulcorante, também é usado para melhorar as propriedades mecânicas da goma assim como o açúcar de confeiteiro que tem também ação secante para facilitar a embalagem ao fim do processo.
– Corantes – são utilizados os aprovados para uso alimentar. Tradicionalmente a goma rosa é a mais comum. É possível utilizar ainda corantes que tingem a boca para gerar efeitos especiais. – Aromatizantes – são utilizados em função do sabor que se deseja adicionar. Os mais comuns são os de tutti-frutti e os refrescantes de menta e hortelã. A composição do sabor pode usar vários compostos diferentes para harmonizar o paladar.
– Aditivos especiais – podem ser utilizados compostos ácidos (como o ácido cítrico), compostos que induzem a sensação de queimação da pimenta (incluindo a canela) e formulações que incluem efeitos de estouro na boca. São utilizados para chamar a atenção pela curiosidade ou por puro desafio.
Produção
Em um misturador tipo Sigma são introduzidos os pellets (pequenas esferas) da base composta de goma, seguido de corante e do aromatizante. O misturador é fechado e é adicionado o xarope de glicose e/ou outros adoçantes que conferem boa parte do sabor agradável e ainda ajuda na maleabilidade da massa. Dependendo da potência do misturador, o aquecimento necessário a homogeneização da massa pode ser obtido pelo cisalhamento causado pelo movimento dos rotores. Caso a potência ou o volume da massa não permita tal fenômeno pode ser necessário aquecimento adicional.
A massa homogeneizada é então retirada quando alcança o ponto de massa de pão e passa por processos de conformação que dependem do produto final. Os chicletes em forma de paralelepípedo passam uma pré-extrusora que a transforma em fio, permitindo melhor manejo da massa.
A seguir esse fio é conduzido a uma extrusora que, com auxílio de um parafuso sem fim e altas temperaturas, é capaz de empurrar a massa por uma fina passagem (chamada de matriz ou die), gerando um novo fio com as características geométricas desejadas.
A massa é então resfriada e uma cortadora atua confeccionando o chiclete. Se for desejado que o chiclete tenha recheio uma matriz que produz um fio oco permite a inserção do material desejado, que pode ser xarope de glicose colorido e aromatizado artificialmente.
Caso o chiclete seja em forma de pastilha, a massa passa por um conjunto de rolos que permite que a espessura seja alcançada. Uma máquina depois corta os chicletes nas dimensões desejadas.
Chicletes que possuem casca externa rígida passam por um processo adicional, chamado de drageamento. Nele, a goma é adicionada a um misturador que homogeneíza o xarope de açúcar e amido por sua superfície com a espessura desejada.
A seguir, a goma é levada para embalagem. Em muitos casos, notadamente para as gomas que não passaram pelo processo de drageamento, é usado açúcar de confeiteiro para melhorar o contato da goma e evitar que grude na embalagem. Esse é o motivo de muitos chicletes terem aparência ressecada.
Elasticidade do chiclete Como o chiclete é basicamente formado por polímeros termoplásticos, isto é, que podem ser moldados com uso de calor, a temperatura da boca e a mastigação o ajuda a amolecer. Com a ajuda da língua é possível formar uma camada fina que pode ser inflada, graças às suas propriedades elásticas. Essa bola pode atingir grandes formatos, a depender da resistência mecânica proporcionada por sua composição polimérica.
A maior quantidade de plastificantes acaba levando à maior flexibilidade da goma, mas pode prejudicar a coesão da massa durante a mastigação e inflagem. Os chicletes ficam endurecidos em várias situações. Com o frio, os polímeros tem seu grau de cristalinidade aumentado, levando-os ao endurecimento e tornando-se quebradiços.
Quando exposto à luz solar, reações radicalares ocorrem na matriz polimérica levando à ligações cruzadas que, em última instância, provocam o enrijecimento do polímero. Esse é um dos motivos que faz os chicletes presos no chão da rua ficar endurecidos e quebradiços.
Saúde
Como boa parte dos chicletes contém altas doses de açúcar, devem ser consumidos com moderação, especialmente pelas crianças. O ato de mastigar pode fazer o açúcar aderir com maior eficiência na superfície dos dentes, inclusive em regiões de difícil acesso pela escovação e induzir o aparecimento de cáries. Para saber como melhorar a proteção de seus dentes visite Creme Dental.
Mesmo os chicletes dietéticos devem ser consumidos com cuidado. Uma vez que a mastigação dá início aos processos de digestão, o excesso de uso de chicletes pode levar ao abaixamento do pH estomacal e causar gastrites e outras doenças gástricas.
Engolir chicletes pode ser perigoso, pois apesar de ser eliminado normalmente pelas fezes, eventualmente pode levar ao bloqueio parcial ou total do trato intestinal, levando a complicações médicas. Entretanto, também pode ser utilizado como veículo de remédios.
Chicletes que liberam nicotina para controle de vício de cigarro são populares e podem alcançar bons resultados4, apesar de ser um método ainda questionado.
Há também estudos que pontam para melhora no quadro geral de concentração pela melhor oxigenação do cérebro causada pela mastigação e pelo efeito combativo ao estresse.
O papel do chiclete é comestível?
De acordo com o próprio fabricante do chiclete, a goma é envolta de um papel parafinado com o único intuito de proteger e impedir que os outros chicletes grudem uns nos outros. É mais uma questão de evitar que eles se grudem do que propriamente ser feito para ir parar na sua boca e ser consumido.
Referências 1 JUNIOR, J. F. S.; BEZERRA, J. E. F.; LEDERMAN, I. E.; MOURA, R. J. M.; O sapotizeiro no Brasil, Rev. Bras. Frutic., Vol. 36, Nº 1, pag. 86-99 2 Nutraceuticals World – Brazilian Market for Gum and Sweets on the Upswing
O Mundo da Química – Chiclete, https://www.omundodaquimica.com.br/curiosidade/chiclete, acessado em 20 de junho de 2019