Tratar águas residuais com eucalipto

Investigadores criam meio de tratar águas residuais com eucalipto

Investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveram, pela primeira vez, floculantes naturais a partir de resíduos da madeira de eucalipto para tratamento de águas residuais, foi hoje anunciado.

Investigadores criam meio de tratar águas residuais com eucalipto

A coagulação consiste na “agregação de pequenas partículas, formando flocos (aglomerados de partículas) que permitem depois a remoção de contaminantes”.

Considerando a quantidade de resíduos de eucalipto que é produzida, em resultado da atividade da indústria da pasta do papel em Portugal, a equipa de investigadores, liderada por Graça Rasteiro, do Departamento de Engenharia Química da FCTUC, decidiu apostar neste subproduto.

“A partir da transformação de materiais extraídos dos resíduos de eucalipto, os investigadores desenvolveram um conjunto de “eco-floculantes” de base celulósica com diferentes características que se ajustassem a diferentes aplicações”, explica a UC.

“Foi um processo complexo, desde logo porque a celulose não é solúvel, o que é um grande obstáculo, porque os polieletrólitos têm de ser solúveis para atuarem como floculantes. Portanto, tivemos de efetuar extrações da matéria-prima inicial que otimizámos para serem o mais brandas possível e várias modificações para que o produto final fosse solúvel”, acrescenta, citada pela UC, a investigadora.

Os produtos obtidos foram extensivamente caracterizados quanto à sua composição química, estrutura e morfologia.

“Comparando com o uso de poliacrilamidas comerciais, os desempenhos obtidos usando os floculantes de base natural foram tão bons ou melhores que os tradicionais. Além disso, conseguimos diminuir até 80% a carência química de oxigénio dos efluentes”, descreve Graça Rasteiro.

Este resultado “representa um grande avanço em relação aos floculantes tradicionais (de origem fóssil)”, destaca.

“Realizámos também testes em efluentes oleosos, provenientes de lagares de azeite, e os primeiros resultados são promissores. De salientar que ambos os efluentes (corantes e oleosos) são muito difíceis de tratar”, sublinha ainda a coordenadora do projeto.

A carência química de oxigénio é um parâmetro que permite avaliar se o efluente tratado reúne as condições necessárias para ser reutilizado ou escoado para meios aquáticos.

Perante os bons resultados obtidos com os resíduos da madeira do eucalipto, os investigadores decidiram estender a investigação a madeira de espécies invasoras, designadamente a madeira de acácia-mimosa, no âmbito de um outro projeto, intitulado MATIS.

Os floculantes desenvolvidos estão agora a ser testados.

Apesar de ainda não ter realizado um estudo económico, a docente e investigadora da FCTUC acredita que os resultados deste projeto “podem ter impactos muito positivos, já que é uma abordagem ecológica não só para tratamento de efluentes, como também para aplicação em diferentes setores de atividade”.

https://www.noticiasaominuto.com/economia/1423976/investigadores-criam-meio-de-tratar-aguas-residuais-com-eucalipto

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bbraga

Sobre bbraga

Atuo como professor de química, em colégios e cursinhos pré-vestibulares. Ministro aulas de Processos Químicos Industrial, Química Ambiental, Corrosão, Química Geral, Matemática e Física. Escolaridade; Pós Graduação, FUNESP. Licenciatura Plena em Química, UMC. Técnico em Química, Liceu Brás Cubas. Cursos Extracurriculares; Curso Rotativo de química, SENAI. Operador de Processo Químico, SENAI. Curso de Proteção Radiológica, SENAI. Busco ministrar aulas dinâmicas e interativas com a utilização de Experimentos, Tecnologias de informação e Comunicação estreitando cada vez mais a relação do aluno com o cotidiano.

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