“Nós podemos explicar o azul-pálido desse pequeno mundo que conhecemos muito bem. Se um cientista alienígena, recém-chegado às imediações de nosso Sistema Solar, poderia fidedignamente inferir oceanos, nuvens e uma atmosfera espessa, já não é tão certo. Netuno, por exemplo, é azul, mas por razões inteiramente diferentes. Desse ponto distante de observação, a Terra talvez não apresentasse nenhum interesse especial. Para nós, no entanto, ela é diferente. Olhem de novo para o ponto. É ali. É a nossa casa. Somos nós. Nesse ponto, todos aqueles que amamos, que conhecemos, de quem já ouvimos falar, todos os seres humanos que já existiram, vivem ou viveram as suas vidas. Toda a nossa mistura de alegria e sofrimento, todas as inúmeras religiões, ideologias e doutrinas econômicas, todos os caçadores e saqueadores, heróis e covardes, criadores e destruidores de civilizações, reis e camponeses, jovens casais apaixonados, pais e mães, todas as crianças, todos os inventores e exploradores, professores de moral, políticos corruptos, “superastros”, “líderes supremos”, todos os santos e pecadores da história de nossa espécie, ali – num grão de poeira suspenso num raio de sol. A Terra é um palco muito pequeno em uma imensa arena cósmica. Pensem nos rios de sangue derramados por todos os generais e imperadores para que, na glória do triunfo, pudessem ser os senhores momentâneos de uma fração desse ponto. Pensem nas crueldades infinitas cometidas pelos habitantes de um canto desse pixel contra os habitantes mal distinguíveis de algum outro canto, em seus freqüentes conflitos, em sua ânsia de recíproca destruição, em seus ódios ardentes. Nossas atitudes, nossa pretensa importância de que temos uma posição privilegiada no Universo, tudo isso é posto em dúvida por esse ponto de luz pálida. O nosso planeta é um pontinho solitário na grande escuridão cósmica circundante. Em nossa obscuridade, no meio de toda essa imensidão, não há nenhum indício de que, de algum outro mundo, virá socorro que nos salve de nós mesmos. (…)” – Carl Sagan
A música utilizada como fundo musical do vídeo é chamada ”Alpha” feita pelo multi-instrumentista grego Evángelos Odysséas Papathanassíu, conhecido mundialmente como Vangelis.
Essa faixa foi gravada em um disco chamado ”Albedo 0.39”, lançado em 1976. Esse álbum é conceitual, e todos os seus temas foram inspirados no espaço e na física espacial.
Não somos nada. O mundo em que estamos é tão diminuto em comparação com o tamanho do universo existente, que o seu papel se restringe a ser um grão perdido na imensidão do deserto cósmico. E os seres vivos, habitantes desse grão, existem apenas por uma fração pequenina de tempo, indo logo após passar pela sua definitiva retransformaçao, virando átomos dissolvidos na terra.
E a nossa essência? Bem essa energia que nos mantém vivos se esvai, se aquietando na ausência de vida, indo embora, desaparecendo no mistério ao qual ninguém tem como provar.